Saturday, October 29, 2011

a teratologia dos gigantes e moinhos

regressa-me às sombras, aos espinhos, aos precipícios

os meus olhos são duas gárgulas

a encarquilhar


procuro respostas nos rastos

dos dedos cortados pela minha própria mão

Monday, October 24, 2011

vol.ver

"emptiness is form"




: descrição de um coração anómalo




[ que a areia nos devolva

Monday, October 03, 2011

La peur

sou um terraço de aluvião
onde não é descalça
é descalcaçada
a mirrar

em coágulos


Monday, August 22, 2011



há uma hipótese de transparência

em cada manuscrito alveolar

e na fala das baleias.



a tua bisavó morreu na casa

onde nasci

Sunday, August 14, 2011

Walpurgis Night


acho que não olhei para baixo [


as guerreiras adormecem

quando enroscadas em couscous

sobressaltam em sismos suculentos e palavras-lazúli

e dependendo do tipo e quantidade de impurezas que apresentam

atravessam uma história de invernos

reescrevem-se como redemoinhos antigos

e desovam

shining




] olhei só para a frente


Saturday, August 06, 2011

"Closer"


ocupa toda a região e depois esvazia

pediculada e periforme

a crise climatérica da mulher

encravada na bacia

revestida a palavras e pele

a cura, a obstrução, a botânica,

em estilete.

Monday, July 11, 2011

do calcário na garganta


sobre a desigualdade dos dedos da mão
o exame químico das vísceras acusa
três casos de abóbadas abertas em torneiras para
um poço local e azedo

tenho na minha mão elementos de transparências minúsculas
sob a luz de Wood
os dados atravessados em azar
e quedo-me sucessivamente em viagens de vidro partido

há uma raiva arregaçada em cada
perícia por mutilação de magnólias

. se eu fosse odienta como algumas, disse por último a última pessoa
a fechar-se num envelope explosivo corado de mesclado violeta.

Monday, July 04, 2011

Juno. The movie.


lobos e corujas habitam o meu corpo

no precipício violento das janelas excessivas

os micróbios são um dos mais poderosos elementos de transformação da matéria

e nisto

o “calculador de improbabilidades” moveu todos os eléctricos azuis – arrumados, parados, avariados, cansados –

que agora atravessam os paradigmas sépticos, mesmo cépticos, embrulhados e tudo, em papel celofane

atravessam-nos em infiltrações celulares e desconcertos quânticos até aos ossos

fica-me o calcário todo na garganta

o medo a encarquilhar o caminho pré-moderno-com-cheiro-a-terra-molhada

mastigo as urtigas que sobram das orações maias e dos palácios emplumados

e os retratos desnecessários mordem-me nos bolsos da memória e permanecem-me

. “não podendo, falamos assim”

. orceína neutra, sol, vermelho policrómico, mar, relações de tecido e sobretudo

gelado de romã e pêssego branco com um toque de flor de laranjeira

.ou o que preferires


 





Saturday, May 21, 2011

30 anos da Aministia Internacional em Portugal (1)

não podendo, falamos assim.
violações de direitos humanos:
um álbum de viagens e outros materiais
de desaparecimentos sucessivos

um monge tibetano que irradia
resistências à “ocupação”
dos temas da tortura e da morte
e dos massacres glocais a abocanhar em desequilíbrios

sobre o próprio país:
não podendo, falamos assim.
: era uma exposição de cartazes comprometidos
com as autoridades com a opinião pública com os contactos iniciais com os simpatizantes com os primeiros grupos com  as  voluntários com os activistas com os apoiantes com as pessoas que integram as estruturas

e nós próprios, muito diferentes uns dos
outros

lembra-se de vários prisioneiros chineses e das cartas onde colaram o
eléctrico que percorreu toda a Lisboa em sessões de esclarecimento
periodicamente visitados pelo encarregado das estruturas a pedir
mais um modo de ser
activista

ficou sempre. ficou sempre. ficou sempre em bancas de rua em feiras
e na embaixada e na estranheza de tudo aquilo.



(1) texto escrito no âmbito das comemorações dos 30 anos da Amnistia Internacional. texto performado com Rute Oliveira, enquanto "Oficina de Poesia", a 18 de Maio de 2011, na Fábrica Braço de Prata (Lisboa). Aqui 

Blood at the crossroads (2)

Blood at the Crossroads

a fornecer
a fomentar
a Transferir
a alcançar
a possibilitar
a desalojar
a persistir
a excluir
a escalar
a alagar a alagar a alagar

Blood at the Crossroads
 
algemas fixas de parede
algemas metálicas de dedos
“punhos” e “mangas” de 50.000V
minas
helicópteros
aviões bombardeiros
veículos blindados
camiões

Blood at the Crossroads
a Guerra é um Brinquedo
da Praça do Império,
das variações e falhas dos Taser
da regulação do comércio global de armas pelas falsas luzes verdes

Blood at the Crossroads
carnificina para fechar os olhos
as crianças climáticas a envelhecer pelos poros traficados
as mãos indígenas corrigidas em refinarias de alumínio
os olhos reprodutíveis para desenvolvimento comercial eriçado
a dizer adeus às coisas lá de cima

Blood at the Crossroads
habitações para abrir a fala de Mindjeris
e os pesticidas a preparar películas e discursos para o dia mundial
da água com

Blood at the Crossroads






(2) texto escrito no âmbito das comemorações dos 30 anos da Amnistia Internacional. texto performado com Rute Oliveira, enquanto "Oficina de Poesia", a 18 de Maio de 2011, na Fábrica Braço de Prata (Lisboa). Aqui 

Sunday, April 03, 2011


Inclinei-me 
sobre a varanda
para ver como as tulipas encarquilham

em linguagens carbonizadas e guizos de embarque

.

em defesa da capital

apanhei todas as cuecas

e meias do estendal

Sunday, January 16, 2011

em cartaz


ouvi isto num fill
me

 ] esta vida esteve
tão próxima 
de nunca

acontecer [


aconteceu

me