Friday, April 20, 2007

work ON progress

a partir do livro de Amos Oz Contra o fanatismo

Salazar é um fanático.

levanta-se cedo para nutrir o gosto pelo kitsch através da adoração iconófila das imagens de nossa senhora made in china.

Salazar é um fanático.

um sentimentalista incurável a quem se lhe comove a pupila direita sempre que o tímpano esquerdo pressente os primeiros acordes do hino.

Salazar é um fanático.

quer libertar os seus vizinhos do ócio, da podridão moral e económica. para o bem de todos.

Salazar é um fanático.

historiadores, biógraf@s, sociólog@s, psicólog@s, e cabeleireir@s não descobriram que o grande problema de Salazar foi a grande ausência de sentido de humor. Os fanáticos são sarcásticos.

Rir é uma forma de se outrar.

Um homem sem sentido de humor só podia ter uma ideia sem graça nenhuma, uma ideia de onde não se podiam colher cravos, nem qualquer outra espécie de VIDA. os impérios tal como as igrejas, nascem sob o sol da morte.

Dizem os cientistas que a perda das certezas elementares da vida pode ter originado o meio século mais contaminado de idei-ulogias. Portugal contraiu o vírus.

Depois veio a música.

eram vinte e duas horas e cinquenta e cinco minutos no relógio da rádio.

De quem é esta terra?

nossa.

Há uma promessa, uma promessa que é um cão de faro tapado.

3 comments:

couve-flor. said...

a partir deste poema, dedicar-me-ei à afasia.
é melhor que a minha caneta não perca a tampa...

JohnWho said...
This comment has been removed by a blog administrator.
rita grácio said...

A afasia é uma doença, não nos dedicamos às doenças. Padecemo-las. não é o teu caso. A patologia é outra, e muito mais salutar, "belezite aguda".