Thursday, November 30, 2006

António Ramos Rosa, sobre o seu livro Poesia, Liberdade Livre (1962)
(cujo título se refere a uma expressão de Rimbaud):

"esse livro estava uma vez numa livraria de Faro e um agente PIDE apreendeu-o, mandou-o para a Censura; terá pensado que liberdade livre não era liberdade condicional, portanto devia ser alguma coisa contra o fascismo. A Censura não lhe encontrou nada de político nem de subversivo e devolveu o livro à procedência. Fiquei decepcionado!"
António Ramos Rosa, p. 71
in Silva, Maria Augusta (2004) Poetas Visitados. Porto: Edições Caixotim.

Wednesday, November 29, 2006



A Memória do Pai

Álvaro Alves de Faria

Apresentação do novo livro do poeta brasileiro.

29 de Novembro

18h

foyer do TAGV (Coimbra)

" No meu país, a poesia, salvo raras excepções, vive de uma leveza insustentável"

"a poesia brasileira que escrevo é a poesia portuguesa que sinto"

Álvaro Alves de Faria

Sunday, November 26, 2006

do princípio do mundo até ao fim do mundo

Querido Cesariny (mário) de Vasconcelos:
tu, que me disseste um dia "ama como a estrada começa"

tu que fazes o "exercício espiritual" de "dizer rosa em vez de ideia", de dizer "azul em vez de pantera", de "dizer o mundo em vez de um homem"

tu que vives "no país onde os homens são só até ao joelho

/e o joelho que bom está tão barato"

tu que sabes onde "há praças onde esculpir um lírio
zonas subtis de propagação do azul
gestos sem dono barcos sob as flores"

tu, que és "um homem, um poeta, uma máquina de passar vidro colorido, um copo, uma pedra" e que por tudo isso ou por nada disso
sentado ficaste para perder todos os eléctricos DELE porque os teus eléctricos "estavam perdidos por natureza própria"

e ainda assim, "o irresistível anseio de viajar/um só movimento trabalhado à mão".

tu, que tens a ciência dos navios e dos espelhos

tu, pintor,
às cinco da manhã de hoje terás gritado como outrora o fizeste na Pastelaria:
afinal o que importa é não ter medo (...)
fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

por isso
"hoje venho dizer-te que morreste e que velo pelo teu corpo
no meu leito (...)
mas tu ainda não sabes até que ponto morreste; vais até
à janela, aspiras com cuidado o oxigénio que o espaço
te oferece, apontas rindo a meiga criatura que pela rua
arrasta a sua condição de animal fulminado".


homenagem a Mário Cesariny, poeta, pintor, e muito mais, que morreu hoje, dia 26 de novembro, com 83 anos.
excertos de poemas retirados de: Cuadrado, Perfecto E. (1998) A única real tradição viva- antologia da poesia surrealista portuguesa. Lisboa: Assírio & Alvim. à excepção de um excerto retirado do poema "Pastelaria",que não está na antologia referida.

A Peste

"Quando rebenta uma guerra, as pessoas dizem: "Não pode durar muito, seria estúpido.". E, sem dúvida, uma guerra é muito estúpida, mas isso não a impede de durar. A estupidez insiste sempre e compreendê-la-iamos se não pensássemos sempre em nós. Os nossos concidadãos, a esse respeito, era,m como toda a gente: pensavam em si próprios. Por outras palavras, eram humanistas: não acreditavam nos flagelos. o flagelo não está à medida do Homem; diz-se então que o flagelo é irreal, que é um mau sonho que vai passar. Ele, porém, não passa e de mau sonho em mau sonho são os homens que passam e os humanistas em primeiro lugar, pois não tomaram as suas precauções. Os nossos concidadãos não eram mais culpados que os outros. Apenas se esqueciam de ser modestos e pensavam que tudo era ainda possível para eles, o que pressupunha que os flagelos eram impossíveis. continuavam a fazer negócios, preparavam viagens e tinham opiniões."
p. 42 de Camus, Albert (2006) A Peste. Lisboa: Livros do Brasil.

Thursday, November 23, 2006

não fui, mas vou



Jorge Molder

Condições de Possibilidade

no Centro de Artes Visuais (CAV)

Pátio da Inquisição,10

telf. 239 826178

de 3a a domingo

14h às 19h

Coimbra

21 Out-28 Janeiro

"Nada legitima a mentira"

entrevista a um Psiquiatra , in Pública, 19/Novembro/2006

Passeio do Descontentamento

se é um passeio
eu também quero ir
se é uma passeio para pavonear descontentamentos
eu também tenho uma lista negra de coisas para passear pela trela
se é preciso levar a farda da função
eu também tenho uma.

eu e a/os restantes portuguesa/es.

Apelo:
Vamos toda/os passear-nos, descontentes, pelas ruas de Lisboa!
(coitadas das ruas de Lisboa, nem este dia é diferente para elas).


"os assuntos sérios não se resolvem na rua", disse o senhor Secretário de não sei de quê.
resolvem-se aonde, meu bom senhor? na Assembleia? por baixo da mesa? ao telefone? pois é... as ruas e o ar (poluído) são dos bens públicos que ainda restam ao cidadão. talvez se os tais "assuntos sérios" fossem tratados nas ruas, se resolvessem.


comentário à manifestação de militares, a que os militares, numa operação de cosmética chamaram "passeio do descontentamento", e que foi considerada ilegal, por parte do governo civil de lisboa.
Chove

Branco. Branco. Branco. Branco. Branco. Branco. Branco. Branco.

Chove branco à volta dum chapéu.

até a assimetria das abas tristes se molhou.

Tuesday, November 21, 2006







estátua de Rodin
Boijmans Museum- Roterdão-Holanda

o tempo de antena é da exclusiva responsabilidade dos intervenientes

Escrileituras
18h-foyer do Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), Coimbra
entrada livre
leitor: Eduardo Pitta
texto: Sinais de Fogo
escritor: Jorge de Sena

Amor esquizofrénico ?!


Carta de Fernando Pessoa a Ophelia Queiróz

1929

"peço desculpa de a arreliar.
Partiu-se a corda do automóvel velho que trago na cabeça, e o meu juízo, que já não existia, fez trr-r-r-r-r-r-r-r-r-r-r-r.
(...)
Mas se o bebé desse beijinho, o ibis aguentava a vida um pouco mais dá? lá está a corda partida -r-r-r-r-r-r-r-r-r."

Pessoa, Fernando. Cartas de Amor. Lisboa: Edições Ática.
A informação vai devorar a comunicação?
Paquete de Oliveira

8 a.m.

H a b i t u a r o c o r p o
a o h á b i t o d e o v e s t i r
d e t o d o s o s d i a s
rita al.berto

homenagem extemporânea



Agradecimento:

no dia 25 de Abril faleceu, em Portugal, Medo de Falar, que contava 48 anos de idade.

Sua esposa, Maria Medo da PIDE, seu filho Medo de Tudo, seu pai Medo do Catano e demais família agradecem a quantos se dignaram acompanhá-lo à última morada no passado dia 1º de Maio.

Portugal, Maio de 1974

Tratou Agência Funerária M.F.A (em parceria com a Borralho)