Saturday, November 17, 2007

quando terminaram de me atirar todas as pedras
.
as lágrimas lavraram as feridas exangues
e percebi-me uma geometria de sólidos e gestos áridos
.
lambi-me na solidão das magnólias brancas
.
um candeeiro apagado
.
a morrer-se com a última estrela
numa desistência de luzes

Saturday, November 10, 2007

pour le monsieur A.

às x

já nem cabia na mala

ficava uma história com a gola a pender, ou uma pata de fora ou desgastavam-se os punhos de um provérbio sem botões

de punho

E depois ninguém podia dizer que fora por sua culpa que se perderam os mitos dos grandes ómens civilizadores educadores e desoutrificadores

.

pois não cabiam na mala-que-não-cabia

no porão

que era imenso e de ébano.

.

nem soprando no café confinado à chávena de retalhos de louça de Guell

poderia perceber a origem dos furacões

quanto mais a teimosia da mala onde não coubera – cabia – exígua -

.

ainda pensou na decantação da violeta de cristal por meio de um composto

orgânico

não

restava-lhe apenas

o cheiro a canela

açafrão

cardamomo

restava-lhe apenas

vestir o velho trajecto das especiarias

e entrar no caleidoscópio

. nú


Sunday, November 04, 2007

pássaros súbitos

em quedas de casco duplo


pulmões pressurizados

em mutilação de horas


campos a espernear

com panos húmidos na boca


?explicam

a metodologia da guerra


aprumada a maquinaria

pega de estaca.


e a grande Lacuna a sorrir-nos

(so polite!

desmembrada

vem à porta


.diz adeus.