Saturday, November 10, 2007

pour le monsieur A.

às x

já nem cabia na mala

ficava uma história com a gola a pender, ou uma pata de fora ou desgastavam-se os punhos de um provérbio sem botões

de punho

E depois ninguém podia dizer que fora por sua culpa que se perderam os mitos dos grandes ómens civilizadores educadores e desoutrificadores

.

pois não cabiam na mala-que-não-cabia

no porão

que era imenso e de ébano.

.

nem soprando no café confinado à chávena de retalhos de louça de Guell

poderia perceber a origem dos furacões

quanto mais a teimosia da mala onde não coubera – cabia – exígua -

.

ainda pensou na decantação da violeta de cristal por meio de um composto

orgânico

não

restava-lhe apenas

o cheiro a canela

açafrão

cardamomo

restava-lhe apenas

vestir o velho trajecto das especiarias

e entrar no caleidoscópio

. nú


2 comments:

Andreia said...

És especial. Não há muita gente que escreva como tu :)

Kiss!

rita grácio said...

um elogio grande de mais para este peixe-miudo.
o louvor é à generosidade da/os que pescam neste aquário,e por isso, muito obrigada.
obrigada andreia,do fundo deste coração de escamas* :)