"tenho de falar do pai"
o pai o pai o pai
o pai o pai o pai
o pai o pai o pai
falemos então do pai.
pomo-lo sobre a mesa.
preparamos os guardanapos.
damos a primeira garfada.
mastigamos.
e nesse momento sabemos
ele chegou primeiro.
nada a fazer.
engolimo-nos.
Saturday, August 24, 2013
Sunday, August 18, 2013
Poema de 15 de agosto
quero um poema violento
como um livro todo
de Dostoievski quando
lido aos 15 anos.
não está na moda ser
pós-moderna
mas dou-te a minha
palavra.
ainda não se vê a boia
avistamos a espera
a rede
e a tua mão a fazer-se
o carapau que vai sair do
mar
e a tua mão como os teus
olhos a fazer-se
também palavra
a medida de todas as
coisas
e os amigos que comovem
quando perguntam
por nós
quando vêm ver
de nós
e o amor por Ela
uma engrenagem cardíaca
repetidamente vermelha
na boca, nas pernas, nas
fotografias
e a ausência Dela
um lamento amortecido a
trémulas mãos
já que não vamos embora
deste quarto verde onde
vive a mentira
vou contar mais uma
história.
a missão de alguns é
fazer portas
a dela é fazer sangue
neles.
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