passo os dias
a passar os dias
à espera
que nada me aconteça que nada me aconteça que nada me aconteça
às mamas
só as tuas
mãos
só as tuas mãos só as tuas mãos só as tuas mãos
Thursday, October 17, 2013
Saturday, August 24, 2013
o pai
"tenho de falar do pai"
o pai o pai o pai
o pai o pai o pai
o pai o pai o pai
falemos então do pai.
pomo-lo sobre a mesa.
preparamos os guardanapos.
damos a primeira garfada.
mastigamos.
e nesse momento sabemos
ele chegou primeiro.
nada a fazer.
engolimo-nos.
o pai o pai o pai
o pai o pai o pai
o pai o pai o pai
falemos então do pai.
pomo-lo sobre a mesa.
preparamos os guardanapos.
damos a primeira garfada.
mastigamos.
e nesse momento sabemos
ele chegou primeiro.
nada a fazer.
engolimo-nos.
Sunday, August 18, 2013
Poema de 15 de agosto
quero um poema violento
como um livro todo
de Dostoievski quando
lido aos 15 anos.
não está na moda ser
pós-moderna
mas dou-te a minha
palavra.
ainda não se vê a boia
avistamos a espera
a rede
e a tua mão a fazer-se
o carapau que vai sair do
mar
e a tua mão como os teus
olhos a fazer-se
também palavra
a medida de todas as
coisas
e os amigos que comovem
quando perguntam
por nós
quando vêm ver
de nós
e o amor por Ela
uma engrenagem cardíaca
repetidamente vermelha
na boca, nas pernas, nas
fotografias
e a ausência Dela
um lamento amortecido a
trémulas mãos
já que não vamos embora
deste quarto verde onde
vive a mentira
vou contar mais uma
história.
a missão de alguns é
fazer portas
a dela é fazer sangue
neles.
Saturday, April 20, 2013
Tuesday, January 22, 2013
Saturday, November 10, 2012
happy days
estávamos em Julho
de 1987
e eu era mãos
e tu mãos
mãe
e pernas em bicicleta-comó-pateta
pelas tardes eléctricas em que éramos só as duas
.
e fazer horas até ir buscar as fotografias
reveladas quentes
e suster a respiração
em família
com o McGyver
e ir de autocarro
"uma aventura"
quando seguia
"por este rio acima"
com a única memória do pai
uma meia de cada cor
a condizer com o "porquê? porquê?porquê?"
para
descobrir
chocada
em casa dos Roque
que no feriado do dia do trabalhador
não se trabalha.
de 1987
e eu era mãos
e tu mãos
mãe
e pernas em bicicleta-comó-pateta
pelas tardes eléctricas em que éramos só as duas
.
e fazer horas até ir buscar as fotografias
reveladas quentes
e suster a respiração
em família
com o McGyver
e ir de autocarro
"uma aventura"
quando seguia
"por este rio acima"
com a única memória do pai
uma meia de cada cor
a condizer com o "porquê? porquê?porquê?"
para
descobrir
chocada
em casa dos Roque
que no feriado do dia do trabalhador
não se trabalha.
Monday, April 23, 2012
Thursday, March 22, 2012
scales
Quando
ela vai à cozinha
abre a porta do armário
e tem a vanguarda artística toda a tocar
entre a caixa de cereais
e o pacote de bolachas
.
é preciso lavrar
o pé dos molares
a.prender a incisão das guelras
a.rrepanhar a pouca-fé que nos trilha os dedos
a.rranjar espaço para o que se segue
cacos
Saturday, March 10, 2012
Ginger Beer
encontrei um dragão
num ladrilho de papelão
.
sobre
tudo
sobre
vive
mos
a
tudo
sobre
tudo
sobre
vive
mos
a
nós
mesmos
.
depois
o exercício demorado das cinzas
à colherada
num ladrilho de papelão
.
sobre
tudo
sobre
vive
mos
a
tudo
sobre
tudo
sobre
vive
mos
a
nós
mesmos
.
depois
o exercício demorado das cinzas
à colherada
Ale
no trapézio justaposto
justifico-me
encarquilho-me
mereço-me
avario-me
vestida a rigor e
com etiqueta nacional
.
um armário muito novo
muito estragado
que desabriga ameixas
e espirra conservas, geleias e marmeladas
até já não restar qualquer esperança de
sericaiaFriday, February 17, 2012
arrivals
sento-me nas ruínas interiores
como crumble de maçã
o biscoito
de gengibre
pergunta-me
quem sou eu
as bicicletas
sem legendas
isto
o vento na cara
uma ausência de pão
as gaivotas sem o mar
Saturday, October 29, 2011
Monday, October 24, 2011
Monday, October 03, 2011
Monday, August 22, 2011
Sunday, August 14, 2011
Walpurgis Night
acho que não olhei para baixo [
as guerreiras adormecem
quando enroscadas em couscous
sobressaltam em sismos suculentos e palavras-lazúli
e dependendo do tipo e quantidade de impurezas que apresentam
atravessam uma história de invernos
reescrevem-se como redemoinhos antigos
e desovam
shining
] olhei só para a frente
Saturday, August 06, 2011
"Closer"
ocupa toda a região e depois esvazia
pediculada e periforme
a crise climatérica da mulher
encravada na bacia
revestida a palavras e pele
a cura, a obstrução, a botânica,
em estilete.
Monday, July 11, 2011
do calcário na garganta
sobre a desigualdade dos dedos da mão
o exame químico das vísceras acusa
três casos de abóbadas abertas em torneiras para
um poço local e azedo
tenho na minha mão elementos de transparências minúsculas
sob a luz de Wood
os dados atravessados em azar
e quedo-me sucessivamente em viagens de vidro partido
há uma raiva arregaçada em cada
perícia por mutilação de magnólias
. se eu fosse odienta como algumas, disse por último a última pessoa
a fechar-se num envelope explosivo corado de mesclado violeta.
Monday, July 04, 2011
Juno. The movie.
lobos e corujas habitam o meu corpo
no precipício violento das janelas excessivas
os micróbios são um dos mais poderosos elementos de transformação da matéria
e nisto
o “calculador de improbabilidades” moveu todos os eléctricos azuis – arrumados, parados, avariados, cansados –
que agora atravessam os paradigmas sépticos, mesmo cépticos, embrulhados e tudo, em papel celofane
atravessam-nos em infiltrações celulares e desconcertos quânticos até aos ossos
fica-me o calcário todo na garganta
o medo a encarquilhar o caminho pré-moderno-com-cheiro-a-terra-molhada
mastigo as urtigas que sobram das orações maias e dos palácios emplumados
e os retratos desnecessários mordem-me nos bolsos da memória e permanecem-me
. “não podendo, falamos assim”
. orceína neutra, sol, vermelho policrómico, mar, relações de tecido e sobretudo
gelado de romã e pêssego branco com um toque de flor de laranjeira
.ou o que preferires
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